CIVILIZAÇÃO


“O homem não pode se tornar um verdadeiro homem senão pela educação. Ele é aquilo que a educação dele faz. Note-se que ele só pode receber tal educação de outros homens, os quais a receberam igualmente de outros. Portanto, a falta de disciplina e de instrução em certos homens os torna mestres muito ruins de seus educandos.” Através dessa citação de Kant quero observar que o filósofo se refere à educação, disciplina, liberdade e civilidade de forma a valorização da moralidade, do respeito, da autonomia e do desenvolvimento sociocultural do ser humano. Uma visão distorcida de educação, de disciplina, de liberdade e do que é civilização, fez com que ocorresse tamanha monstruosidade em Auschwitz, onde se perdeu o verdadeiro sentido da humanização, pois fez com que um grupo mobilizasse essa barbárie. Para Adorno a educação tradicional não prevê a reflexão do ocorrido, fazendo-nos repensar a educação. Ele critica essa educação que objetiva a docilização e a disciplina, como responsável pela repressão que torna o sujeito num ser agressivo e encorajado a cometer qualquer atrocidade por estar submetido a um ambiente severo que o faz acreditar estar agindo corretamente.

A diferença entre o pensamento dos filósofos é que para Kant a disciplina na educação que é a parte negativa necessária que objetiva o conhecimento das leis para que respeite e seja respeitado, não é uma disciplina repressora e às cegas como citada por Adorno. Ele critica a disciplina autoritária da escola tradicional que proporciona a manipulação de pessoas reprimidas, fazendo com que elas façam coisas sem pensar no coletivo. Mas em contrapartida, com relação à educação e civilização os filósofos se assemelham em seus pensamentos, sendo que para Adorno “a educação deveria propiciar condições culturais para suprir as carências e formar os cidadãos, bem como recuperar a defasagem cultural e formativa. Ela deve essencialmente se preocupar com o entendimento e com a constituição psíquica do sujeito para criar condições educacionais que defendam o sujeito dos mecanismos de repressão psíquica e da coisificação. A educação deve possibilitar a autonomia reflexiva do sujeito para que não se caia no risco de uma frieza social egoísta, enfim, deve propiciar aos outros e a si mesma condições de exercer a crítica para que esta se produza de modo esclarecedor e emancipador. Tudo isso para possibilitar ao sujeito condições de problematizar e se produzir na contingência de seu presente.”.


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